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Significado de filosofia
De todos os bens que a sabedoria proporciona ao homem para o tornar feliz, não há um maior que a amizade. É nela que o homem, limitado por sua natureza, encontra segurança e apoio. Epicuro.[1]
As palavras podem ter um ou muitos significados, e a maioria delas têm muitos. A isso se chama anfibologia, ou polissemia. As palavras também podem sofrer alterações em seu significado ao longo do tempo, conforme as ideias que a elas são associadas. Às vezes, para entendermos o significado original de uma palavra precisamos buscar sua etimologia, ou seja, de onde ela surgiu e qual era seu significado primeiro.
Como desejamos entender o que é filosofia, então vamos buscar o berço, a filiação, a origem desse termo. “Filosofia vem do termo grego philosophia, formada por duas outras palavras gregas: Philos, que significa “que ama”, e Sophia, que significa “sabedoria”. Diz-se que Pitágoras foi o primeiro a reivindicar, por modéstia, a denominação de filósofo, ou «amigo da sabedoria»”[2].
Pitágoras foi um filósofo e matemático grego que viveu entre 571 a. C e 497 a. C, e é bem provável que você já tenha ouvido falar desse personagem, ao estudar o famoso “Teorema de Pitágoras”. É dele mesmo que estamos falando. É atribuída também a ele esta notável frase: A sabedoria plena e completa pertence aos deuses, mas os homens podem desejá-la ou amá-la tornando-se filósofos.[3]
Essa frase de Pitágoras encerra um grande ensinamento: o de que a filosofia é um meio e não um fim em si mesma, pois o fim a que ela visa é a sabedoria. O mesmo ocorre com a ciência, que é um meio para se chegar à verdade sobre o objeto estudado.
O conhecimento também não é um fim, mas um meio, e pode sofrer alterações com o passar do tempo, pois o que se admitia ontem como verdade, hoje pode ser considerado erro, e assim por diante. Além disso, o conhecimento é uma qualidade, não uma virtude, e conhecer por conhecer não significa ser sábio, mas apenas instruído.
E qual era, no início, o objetivo da filosofia?
Bem, a filosofia, em sua origem, era a ferramenta usada na busca do princípio das coisas, e também da soteriologia... esse termo grego quer dizer: ciência ou doutrina da salvação. E a primeira pergunta que nos vem à mente é: salvação de quê, ou, de quem?
Para essa pergunta, vamos tentar encontrar uma resposta razoável.
Comecemos pelo termo soteriologia, que é formado pelas palavras gregas Sōtér, que quer dizer salvador, libertador, e logos que em nossa língua significa palavra, verbo, ciência, doutrina. Sōtér era o sobrenome que os gregos davam frequentemente aos deuses e também aos reis. Foi usado para Ptolomeu 1º, rei do Egito, e para Antiochus 1º, rei da Síria, entre outros.
Na língua francesa, em dicionários mais antigos, tem a palavra Soteries, cujo radical é Soter (salvador, libertador). As soteries tinham vários propósitos: eram festas que os gregos e os romanos celebravam para render graças aos deuses, quando eram livrados de algum perigo público ou particular; votos que se fazia, e sacrifícios que se ofereciam pela saúde de alguém; poemas sobre o restabelecimento da saúde de uma pessoa; presentes que se enviava a um amigo curado de uma grave enfermidade.[4]
O termo grego Sōtér foi traduzido para a nossa língua pela palavra sotero, daí a o termo soteropolitano, para designar quem nasce na cidade de Salvador, Bahia.
Bem, saber a origem e os significados da palavra filosofia pode ser um bom começo, mas não basta para saber o que realmente é a filosofia e como ela pode ser aplicada.
Já vimos que a filosofia surgiu como um meio, uma ferramenta produzida pela razão de alguns sábios, para se conhecer sobre o princípio das coisas, mas principalmente para a conquista da felicidade.
É por isso que a filosofia, em todas as épocas, empenhou-se na busca da alma, de sua natureza, de suas faculdades, de sua origem e de seu destino.
Talvez aí encontremos uma resposta que justifique a soteriologia ou doutrina da salvação. É preciso salvar-se do medo: medo da morte, medo dos deuses, medo do sofrimento causado pela morte de um amigo, de um familiar querido e de outras tantas circunstâncias que perturbam a paz do homem.
Aprendendo a filosofar com os Antigos
Muitos filósofos de hoje pensam que ocorre com a história da filosofia o mesmo que ocorre com a história das ciências, mas assim não é. Quando uma teoria científica é demonstrada falsa, quando é refutada por outra notadamente mais verdadeira, ninguém mais se baseia nela para pesquisar a verdade. Foi o que se deu com a teoria do geocentrismo, que foi demonstrada falsa e abandonada.
No entanto, as grandes respostas filosóficas dadas pelos Antigos, para perguntas relacionadas a uma vida feliz, continuam presentes e atuais.
Vários filósofos Antigos trataram da origem, da natureza e do destino da alma, e buscaram respostas para as perguntas: Por que morremos? porque sofremos? por que há diferenças de aptidões entre os indivíduos, desigualdades sociais, etc.?
Quanto temos a aprender com Sócrates, Platão, Epicuro, Aristóteles, Plutarco, Sêneca, Cícero, Santo Agostinho, e outros tantos! Suas propostas para uma vida feliz merecem ser conhecidas e meditadas, e assim vamos aprendendo a filosofar.
O objetivo do “Filosofia no ar”, é lançar mão de ideias filosóficas morais de todos os tempos, que mais tocam o espírito humano, que mais satisfazem à razão e ao coração, e colocá-las ao alcance de todos os que desejam refletir sobre si mesmos, sobre suas ideias, seus valores, sua felicidade, enfim.
Equipe Filosofia no ar / tc 08/08/2012.
[1] Lettres et maximes, Líbrio, Texte integral. Maxime XXXII. Traduzido do francês pela Equipe Filosofia no ar.
[2] Informações obtidas no Dictionnaire Encyclopédique de la Bible, A. Westphal, verbete: Philosophie.
[3] http://pt.wikipedia.org/wiki/Pitágoras.
[4] Nouveau Dictionnaire Universel, de Maurice Lachâtre, verbete: Soteries.
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